Acho que já falei aqui ou no finado twitter que sou adepto de uma teoria da conspiração que diz que minha vida está sendo televisionada em algum lugar porque nada mais explica a quantidade de gente estranha com falas desconexas que aparece nos meus dias, embora o roteiro não seja muito bom a ponto de sustentar essas 30 temporadas o nonsense quase televisivo me acompanha.
Outro dia acho que uma mulher na rua me confundiu com o ~dealer~ dela. Deixa eu explicar.
Minha irmã estudava do outro lado da cidade e eu fui buscar ela depois da aula à noite. Fiquei esperando perto da passarela encostado num poste com a minha bicicleta. Enquanto esperava chegou uma mulher claramente muito nervosa olhando pra todos os lados e se aproximou de mim devagarinho.
Quando chegou perto, ela perguntou:
– É você que veio entregar o negócio?
Fiquei sem entender nada e cara de wtf? e ela continuou:
– Aquilo lá, a encomenda.
– Não vim entregar nada aqui não. – Falei.
– É que a descrição que me deram era igualzinho você, foi mal.
– Moça acho que não sou eu não.
Ela então pegou o telefone e foi pra debaixo da passarela fazer uma ligação.
Muito triste descobrir que tem um doppelgänger meu ~EnTrEgAnDo EnCoMeNdAs~ por aí e que em algum momento posso tomar um enquadro por isso (como se isso já não acontecesse de graça por eu ser pretinho também, mas isso é detalhe).
Tive mais uma prova de que minha vida é uma sitcom ruim quando ainda morava com meus pais e passei no depósito na esquina de casa pra comprar um refrigerante e não fui percebido pela vendedora que estava ocupada demais vendo a única coisa com um roteiro pior do que a minha vida: Salve Jorge. No intervalo comercial(sim, ela não me atendeu até o bloco terminar), ela perguntou o que eu queria ali. A vontade era responder que estava só passando o tempo numa noite fria assistindo novela ruim junto com ela, mas o caminho entre meu cérebro e minha boca passa pelo bom senso de vez em quando e disse:
– Tem Grapette aí?
Ela responde:
– Tem sim. Só tem um problema sério.
Eu, fiquei confuso pensando em qual problema um refrigerante poderia ter. Estaria ele quente? Ele foi fruto de um arrastão e não geraria nota fiscal? Ele foi misturado com gasolina adulterada? Ou pior ainda: a garrafa foi adesivada errado e na verdade o conteúdo era Convenção Uva…
Ainda cogitando as possibilidades sobre qual problema poderia ter o refrigerante, pergunto inocente:
-Qual o problema?
A vendedora me olha sério e diz:
-É que quem bebe Grapette repete. – Disse ela, se achando a própria reencarnação do Costinha e rindo igual à Betty, a feia.
Meu nível de incredulidade na hora me impediu até de forçar um riso pra não deixar ela sem graça mas, pelo visto, mesmo sem eu ter esboçado achar graça na piada dela, ela era uma mulher autossuficiente e continuou rindo até me entregar o refrigerante. Admiro até hoje a independência da queen.
Linhas paralelas
Textos e links que cruzaram meu caminho no infinito da rede esses dias.
Abraços e até depois!
diego b
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Dos mesmos criadores de "quem é do méier não bobéier"