um aquário na sala de espera
um peixe solitário
o vidro verde e sujo
o espaço minúsculo
que um dia tentou
reproduzir algo como
uma cópia de uma cópia de uma cópia
muito mal feita
de um ambiente natural
FAVOR NÃO BATER NO VIDRO!
em letras vermelhas
o peixe não nada,
se contorce
espremido na minúscula prisão
capta minha atenção com seu olhar triste
a curiosidade me aproxima do vidro
o peixe me encara fixamente
nadando errante
naquele espaço minúsculo
e sujo
tap tap tap
os nós de meus dedos batem no vidro
o olhar vazio e triste do peixe
torna-se penetrante, hipnótico,
não consigo desviar o olhar
o preto dos olhos do peixe
inunda o ambiente
tento me desvencilhar do que quer que seja isso
não sei por quê, prendo a respiração
como se fosse mergulhar
e ainda sem ar não vejo nada além da escuridão
.
.
.
abro os olhos e ao expirar
não consigo mais piscar
à minha frente apenas água e
o reflexo de um peixe solitário
através do vidro verde e sujo
Linhas paralelas
Textos e links que cruzaram meu caminho no infinito da rede esses dias.
Why A.I isn’t going to Make Art - Ted Chiang na The New Yorker
Abraços e até depois!
diego b
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